Elizabeth Caldeira Brito

Elizabeth Caldeira Brito
Casa de Campo em Alhué - Chile. Fotografia de Elciene Spenciere

Quem sou eu

Minha foto
Goiânia, Goiás, Brazil
Elizabeth é Psicóloga, Professora de Educação Física e escritora. Sócia Titular-Cadeira 07 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás. Membro da Academia de Letras do Brasil. Diretora Regional do InBrasCI - Instituto Brasilieiro de Culturas Internacionais. É Conselheira do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de Goiânia. 2ª vice-presidente da Comissão Goiana de Folclore-UNESCO. Obra: Dimensões do Viver, poesias - 2004; Quatro Poetas Goianos e um Pintor Francês, biografias - 2004; O Avesso das Horas & Outros - El reverso de Las Horas y Otros - L'Envers des Heures & Autres, Edição Trilingue, poesias - 2007.Traduções de Yvan Avena (para o idioma francês), Perpétua Flores e Ana Maria Patrone (para o idioma espanhol). A cultura plural de Bariani Ortencio (org) Kelps, 2009. A vinda da Família Real para o Brasil-200 anos (org.)Kelps, 2009. Permanências , artigos, Kelps/UCG -Goiânia 2009.Santuário da Cultura Universal, ensaios, Kelps - Goiânia, 2010. Amayáz, poesias, Kelps, 2012. Formação de Goiás Contemporâneo, (org) artigos. Kelps, 2013. FOTOGRAFIA DE MONIQUE AVENA

sábado, 19 de fevereiro de 2011

FOLIA DE REIS EM ALTA VISTA

O filósofo e poeta francês Gaston Bachelar, no livro A Poética do Espaço, afirma que a casa é um instrumento de proteção e preservação da alma humana. Para ele, “é o lugar de imagens do espaço feliz”. As casas do condomínio de Chácaras Alta Vista ratificam esta ideia. O local é inundado pelo canto dos pássaros e o suave murmúrio do silêncio. Límpidos lagos e bucólicas praças testemunharam a passagem da Folia de Reis, pelas alamedas floridas e ornamentadas. Instantes de fé, folclore, tradição e religiosidade sensibilizaram os que participaram do I Encontro da Folia de Reis de Malhador no Condomínio Alta Vista.
Devido a sua procedência, a Folia de Malhador é conhecida por Folia dos Machado. A constituição do grupo remonta há mais de cinquenta anos. Originou-se na cidade mineira de Patos de Minas oriunda da família Machado. Veio para Goiás com o casal Vicente Machado e Isabel Gonçalves. Em 1961 o clã mudou-se para São Luiz de Montes Belos em Goiás. Nos anos de 1971 e 1972 residiu em Anápolis - Goiás. Em 1973 fixou residência em Malhador, município da turística cidade goiana, Pirenópolis. Atualmente cinco, dos dezoito irmãos Machado, são foliões, dentre os mais de trinta integrantes. Pessoas, das mais diversas áreas do conhecimento, carregam a bandeira do Divino com devoção, louvor e fé. Liderados pela caçula dos irmãos, Ana Vieira Machado, compõem o grupo os irmãos Altair, Hélio, José e Valdo (um dos embaixadores).
Originária de Portugal, a Folia de Reis, foi trazida pelos colonizadores portugueses ao Brasil. Contribuiu para a formação cultural do povo brasileiro. Constituiu e enriqueceu o folclore, a cultura, a fé e as tradições religiosas do nosso País. A história, contada em prosa, versos e cantos plangentes, retrata a visita dos Reis Magos, Gaspar, Melchior e Baltazar ao menino Jesus, por ocasião de seu nascimento. Diz a lenda que os Reis viajaram do Oriente a Belém para presentear o Deus Menino com ouro, incenso e mirra, símbolos das três dimensões do Messias: realeza, divindade e humanidade.
Idealizador, organizador e anfitrião do Encontro, Juarez Antônio de Sousa é médico. Formou-se na Universidade Federal de Goiás - UFG. Especializou-se em mastologista e ginecologista. Mestre e doutor pela Universidade Federal de São Paulo é Chefe do Serviço de Residência em Mastologia do Hospital Materno Infantil de Goiânia. Preceptor de Ginecologia da Residência em Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Materno Infantil de Goiânia. Mastologista do Hospital Santa Helena de Goiânia e da Clínica Citomed de Goiânia, onde é Diretor Técnico. Ex-presidente da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia e da Comissão Estadual de Residência Médica - Goiás. É professor na UFG. Preside a Sociedade Brasileira de Mastologia, regional Goiás.
Juarez Sousa dedica-se ainda à música e ao esporte. Toca vários instrumentos. Desportista, recebeu inúmeros troféus no tênis. Natural da cidade de Goianésia, herdou dos pais, José Antônio Sousa e Maria Serafim de Sousa, a devoção e o respeito às celebrações religiosas.
Além de Juarez Sousa e sua esposa Ana Lúcia Osório Maroclo de Sousa, também médica (dermatologista), quatro casais receberam a Folia de Malhador em suas confortáveis residências: Antônio Edson Félix de Souza, agricultor/agropecuarista e Maria Eunice Fonseca Félix de Souza, funcionária pública federal; Joaquim José Ribeiro, assessor parlamentar e Eneida Afonso Teixeira, do lar; Marco Antônio Accioli Costa e Silva, médico pediatra e artista plástico e Sueli Almeida da Costa e Silva, decoradora; Álvaro Catelan, professor e Cláudia Catelan, paisagista. O apogeu ocorreu na residência de Juarez Antônio e Ana Lúcia. Após a aclamação ao nascimento de Jesus, serviu-se farto almoço, com iguarias da tradicional comida goiana.
As casas vestiram-se de flores, cores e presépios. Petiscos, lanches e bebidas confraternizaram os presentes. A alegria, pela singular e nobre recepção, iluminou as faces foliãs. Dentre os inúmeros convidados: Sônia Ferreira, escritora e articulista do Diário da Manhã; Marinho, escritor e Shirley Rezende, professora; o casal Marconi Ferreira Perillo (pais de Marconi Perillo, governador de Goiás); Fausto Gomes, médico e Daniela Cristina Gomes, empresária;
O domingo, nove de janeiro, fez história. Horas de festejos, religiosidade e fraternidade abreviaram o tempo. Ao lusco-fusco do dia os Reis Magos iluminaram o caminho de volta pra casa.

Artigo publicado no jornal Diário da Manhã do dia 14 de janeiro de 2011

O NARCISISMO DAS PALAVRAS NA POÉTICA DE GETÚLIO TARGINO

As palavras se vangloriam por se sentirem sob o domínio de um perspicaz escritor. Reconhecendo a harmonia e o lirismo com que são vestidas, emprestam ao ambiente o seu ser. Sábias, traduzem-se em múltiplus sentidos. Submetem-se ao papel autoral, conferindo às entrelinhas, luz, ritmo, cores, equilíbrio, fluidez e raciocínio. Para o poeta Carlos Nejar, as palavras têm a força de explodir o silêncio encanado por dentro delas. Quando bem elaboradas são gritos n’alma que despertam horizontes.
O autor, no domínio da linguagem, faz malabares com as metáforas, os sons, os ritmos e as possíveis rimas no verso. Na prosa transcende a poesia, mesmo na ausência do poema. Plurais da existência, as palavras se envaidecem. Cônscias da beleza que emanam, iluminam o texto e se encantam por si mesmas. Presunçosas e narcisistas cantam, para a eternidade, melodiosas canções.
São vários autores que fascinam o léxico brasileiro herdado dos portugueses. Dentre eles destaca-se o autêntico diagramador das palavras nas pautas líricas do texto. O regente do canto no coro da escrita. Refiro-me ao poeta - escritor Getúlio Targino Lima.
Membro da Academia Goiana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Getúlio Targino, pertence, dentre outras entidades, a Academia goiana de Direito, ao Instituto dos Advogados Brasileiros, a Academia Anapolina de Letras e a Academia Nacional Maçônica de Letras. Professor Titular da Universidade Federal de Goiás (UFG). Foi Diretor Geral e Professor fundador da Uni Anhanguera; Ex-Diretor e Professor fundador da Faculdade de Direito de Anápolis (integrante da Uni Evangélica). Ex-Ministro, Ministro Vice-Presidente e Ministro Presidente (3 mandatos consecutivos) do Supremo Tribunal de Justiça do Grande Oriente do Brasil; Ex-Consultor Temporário do Serviço de Desenvolvimento Cultural da Organização das Nações Unidas (ONU); Membro da União Neo Teosófica, núcleo de Goiânia. Foi Coordenador da Assessoria Especial do Governador do Estado de Goiás e do Ministério da Previdência Social. Ex-Chefe da Assessoria Geral da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Foi condecorado, dentre outros, com os títulos de Professor Emérito da UFG e Cidadão Honorário do Estado de Goiás.
Advogado, Procurador do Estado (aposentado), jornalista e conferencista, o poeta Getulio Targino publicou 14 livros, sete jurídicos e sete literários. Onze, inéditos, aguardam edição. Compositor e cantor, é autor de mais de cem canções sacras e populares. Gravou três CDs.
Arauto da linguagem escrita e oralizada, Targino nos brindou com A Palavra Poética.
A palavra poética/ pontifica,/ prioritariamente,/ como símbolo/ de si mesma,/ de seu eu,/ sua substância viva,/ embora/ traduza/ os contornos externos/ de algum objeto.
A palavra poética/ é formada/de sons,/ de luz,/ de cores/ e tons/ que brotam/ dela mesma/ e invadem/ o ambiente/ circundante.
A palavra poética/ que pretendemos/ presa no papel/ onde é grafada,/ sorri do poeta/ e da fragilidade/ de suas cadeias.
Pois mal/ a deitamos/ na folha/ ela,/ aparentemente inerme,/ na sua mortalha/ natural de riscos,/ deixa, na linha,/ apenas o volume/ falso/ de seu sentido/ emprestado.
E sai gritando/ verdades/ no infinito/ das almas./ E cantando/ melodias/ inacabadas/ e inacabáveis,/ porque eternas.
Quem tem olhos/ de ouvir,/ e ouvidos/ de ver/ toque/ e sinta.
Amém!
Ao finalizar as comunicações via e-mails, despeço-me enviando aos amigos um “abraço terno em ti”. O escritor Getulio Targino, surpreendeu-me com o poema, que tem como título minhas despedidas e mote textos que publiquei.
“Abraço Terno em Ti...”
Abraço terno em ti... Até parece/ Que estou sentindo, agora, com certeza,/ O frio e o calor, clamor e prece/ Presentes com seu peso de leveza.
É terno o teu abraço. Não se esquece/ Dele quem o recebe: fica presa/ Da verdade do bem que permanece/ Eternamente claro: luz acesa!
É algo permanente e mesmo assim/ O envias com carinho aos retirantes/ Desta vida, como eu, que agora vim
Para junto do céu, deixei o inferno/ Dos lampejos de enganos dos errantes./ É terno teu abraço. Sim... E eterno!

Abraço terno em ti!




Artigo publicado no jornal Diário da Manhã do dia 21 de janeiro de 2011

MONIQUE AVENA, CRONISTA FRANCESA DO COTIDIANO GOIANO


No dia 18 de setembro de 2008, publiquei no Diário da Manhã, o artigo “Avena, depois do mundo Goiás”. Nele enfatizei as atividades culturais do casal francês Yvan e Monique Avena. Neste abordo o encantamento por Goiânia dos dois pares de olhos franceses e suas repercussões. As belezas goianas inundaram os olhares e espraiaram-se coração adentro. Por isso o casal, de rastros universais, escolheu a cidade como reduto definitivo.
Yvan e Monique Avena residiram na França, Argentina, Suécia, Guiné Bissau e Guatemala antes de se aquietarem em Goiânia. Apaixonaram-se pelo chão goiano, pela gastronomia e o clima, pelas flores, praças e bosques de eterna primavera. E a cidade, mais arborizada do país, reduto de bucólicas ilhas, margeadas pelos transeuntes que trafegam esperanças no centro urbano da agitada metrópole, acolhe com afetos os forasteiros.
Monique nasceu em Paris. Estudou secretariado e Banco. Atuou na área de Serviço Exterior em um banco de renome. Exerceu cargos no Ministério das Relações Exteriores na Embaixada da França, da Suécia, da Guiné Bissau e da Guatemala. Nesta última, apaixonou-se pela arte e pelo artesanato, dedicou-se ao estudo da cultura Maia. Tornou-se uma das maiores colecionadoras de Huipilis (vestimentas sagradas dos povos Maias da Guatemala). As roupas identificam as etnias. Preservam com honra, o legado do povo Maia na Guatemala de hoje. Integra o indivíduo à família, à comunidades e ao universo em que está inserido.
O acervo de Monique, o maior da América Latina, devidamente classificado, reúne 360 peças. Ela organizou exposições com a embaixada da Guatemala, em Paris, na Suíça e na Suécia. Em 2006 expôs, parte de seu acervo, no Museu de Arte de Goiânia.
Monique Avena distribui ao mundo as belezas que capta. Criou um blog para disseminar seu encantamento. Um tributo à cidade e ao estado que os acolheram. No idioma francês, leva ao longe o cotidiano da capital do estado. Goiânia, a mais bela cidade do cerrado brasileiro, já foi vista por mais de seis mil internautas. Pessoas de 73 países visitaram o blog, http://goiania-voila-pourquoi.blogspot.com, dentre eles: Egito, Bélgica, Estados Unidos, Chile, Espanha, Itália, Malásia, México, Áustria, Colômbia, Marrocos, Portugal, Ucrânia, Arábia Saudita, China, Japão, Hong Kong, Uruguai, Honduras, Senegal, Peru, Venezuela, Tunísia, Senegal, Espanha, Finlândia, Croácia, Guiana Francesa, etc.
O blog registra especialmente os eventos culturais e os recantos goianienses. Mostra ao mundo, porque Monique e Yvan estão aqui. As fotografias, da própria Monique, ilustram as crônicas da vida cotidiana de Goiânia. Recentemente as páginas eletrônicas vestiram-se de permanência. Transformaram-se em livro. “Choniques de la vie quotidienne a Goiânia” registra, para a posteridade, as notícias do efêmero instante.
A primeira edição do livro contém informações postadas nos anos de 2007 a 2010. Sob o olhar e a perspicaz observação de Monique Avena, as atividades da balzaquiana capital metrópole, mais jovem do Brasil, vão se desenhando. Encadernada luxuosamente, a publicação foi encaminhada a vários países da Europa. Goiânia, sua cultura, seus ícones e logradouros se despem sob olhares atentos, nas páginas multicores do livro. Alcançam diversos povos de distantes plagas.
Tanto o blog quanto o livro, mostram o porquê dos Avena estarem aqui. Justificam a escolha da cidade para viverem todos os amanhãs de suas vidas.
Que sejam duradouras as manhãs goianas, a despertarem os nobres hóspedes da cidade. Suas presenças honram este chão e seu povo. A historiografia goiana guardará, para além da cal desses dias, seus vestígios de amizade, cultura e conhecimento.



Artigo publicado no jornal Diário da Manhã dos dias 06 e 07 de fevereiro de 2011





sábado, 17 de julho de 2010

PERPÉTUA FLÔRES, EJE CULTURAL GOIÁS, BRASIL & AMÉRICA LATINA

Comentário de Pèrpétua Flôres sobre artigo (logo abaixo) publicado no jornal Diário da Manhã em Goiânia - Goiás - Brasil
Publicado no blog da escritora em Buenos Aires - Argentina

La escritora Elizabeth Caldeira Brito, acostumbrada a la caricia de la palabra, a la música del papel, engarza ambas en un mini ensayo sobre nuestra actividad cultural en la Argentina.
Su talento y su corazón se unen y suman en esta, como en muchas oportunidades, para una página más de valorización de las letras en general. A ella nuestro agradecimiento que para ser más amplio unimos al Gracias el
Muito Obrigada.


Perpétua Flôres




PERPÉTUA FLÔRES, EJE CULTURAL GOIÁS,BRASIL & AMÉRICA LATINA

Elizabeth Caldeira Brito
Fotografia de Monique Avena

Hace cuarenta años, Perpétua Flôres, escritora gaúcha de Santo Angelo, eligió Buenos Aires para residir su sensibilidad y creatividad literaria. Divulga la cultura brasileira en los rincones de los hermanos desde América, semanalmente en su programa de radio “Dicho sea de paso”. En él, divulga poéticamente, temas musicales y su repertorio de Música Popular Brasileira. De voz y timbres suaves, interpreta poemas de autores brasileiros, especialmente, gaúchos e goianos. Los de acá, descubrió por medio de nuestra amistad, su vínculo poético-afectivo. Tradujo para el español mi segundo libro de poemas, “O avesso das horas e outros”.

Perpétua Flôres publicó 29 libros. Cuatro en lengua portuguesa: Buscas-poemas – Porto Alegre, 1968; Curso de portugués – Textos y casettes para la BBC de Buenos Aires, 1981; Noche y día – En el centenario Abolviçaos dos Esclavos – poemas – Buenos Aires, 1988; A través de un Arco-iris de Lápiz de Cores – obra infanto-juvenil, poemas, Santos Angelo, 1990 y veinticinco una lengua española.

Al conocer la producción literaria del poeta Gabriel Nascente, el más reciente inmortal de la Academia Goiania de Letras, Perpétua Flôres describió cómo se sintió delante de la grandiosidad poética de Nascente: “…Que ventura certificar-me que o meu Brasil tem um Poeta tao inteiro, absoluto! A Antología é como uma aurora, no meu voluntário exílio. Sinto-me quase obrigada –a gosto- a dar-tes as graças por tomar-me também parte dos escolhidos herdeiros do teu “Inventário poético”. Começo, lentame a extasiar-me com tanta luz, como quem olha o sol de frente…” Sobre a poesia do escritor Aidenor Aires, escreveu: “…E um grande escritor, poesia precisa, medida, pensada e vivida. Com uma linguagem nova, própia: se nao fosse assim, a criaçao seria cópia, mas, depois de tantos e tantos poetas que o passado e o presente nos deu e nos dá, ter um estilo já é algo elogiável, é o sonho do escritor verdadeiro…”

Los que todavía conservan el romántico acto de oír radios, leer poesías y oír buena melodía saben que actualmente es posible, no sólo oír los programa radiofónicos sino verlos por internet “Dicho sea de paso” puede ser apreciado en el sitio www.am1010ondalatina.com.ar. Permítanse instantes de recogimiento espiritual en las artes literarias y música america latinenses.


Julio de 2010. Goiânia. Brasil
Traducción: Georgina

segunda-feira, 5 de julho de 2010

PERPÉTUA FLORES, ELO CULTURAL GOIÁS & AMÉRICA LATINA

Elizabeth Caldeira Brito


Há quarenta anos, Perpétua Flores, escritora gaúcha de Santo Ângelo, escolheu Buenos Aires para residirem sua sensibilidade e criatividade literária. Viúva do renomado historiador e escritor argentino, Arturo Berenguer Carisomo, sempre dedicou sua vida às artes. Divulga a cultura brasileira nos rincões dos irmãos desta América, semanalmente no programa de rádio “Dicho sea de paso”. Nele, divaga poeticamente, sob temas musicais do repertório da Música Popular Brasileira. De voz e timbre suaves, interpreta poemas de autores brasileiros, especialmente, gaúchos e goianos. Os daqui, ela “descobriu” por meio de nossa amizade, sob vínculo poético-afetivo. Traduziu para o espanhol meu segundo livro de poemas, “O avesso das horas e outros”.
Perpétua Flores publicou 29 livros. Quatro em língua portuguesa: Buscas - poemas - Porto Alegre, 1968; Curso de português - Textos y cassettes para la BBC de Buenos Aires, 1981; Noite e dia – En el centenario de Absolviçâo dos Escravos - poemas – Buenos Aires, 1988; Através de um Arco-iris de Lápis de Cores – obra infanto-juvenil, poemas, Santo Angelo, 1990 e vinte e cinco em língua espanhola.
Do amanhecer ao anoitecer, Perpétua Flores alonga seu tempo: é co-diretora da revista “Antologia”, de Buenos Aires; produtora e diretora da revista “Presencia”, desde 1983; colabora com páginas literárias dominicais, de Pregón, de San Salvador de Jujuy; entrevistas com personagens notáveis: Jorge Luis Borges, Juan Oscar Ponferrada, Pedro Raola, Jorge Amado, Carlos Basurto, Rodolfo Graciano, Alejandro Storni, Bruno Versacci, Enrique de Gandia, Libertad Lamarque, Sebastián Piana, Roberto Castiglione, René Favaloro, etc. É diretora da “Sala de Actos Culturales Arturo Berenguer Carisomo”; revisora dos Dicionários Português-Espanhol y Espanhol-Português, Editora Marymar e empresta seu nome à “Medalha Perpétua Flores”, distinção que a Casa do Poeta Riograndense outorga a personalidades argentinas que se destacam nas artes.
Ao conhecer a produção literária do poeta Gabriel Nascente, o mais recente imortal da Academia Goiana de Letras, Perpétua Flores descreveu como se sentiu diante da grandiosidade poética de Nascente: “... Que ventura certificar-me que o meu Brasil tem um Poeta tão inteiro, absoluto! A Antologia é como uma aurora, no meu voluntário exílio. Sinto-me quase obrigada - a gosto- a dar-te as graças por tornar-me também parte dos escolhidos herdeiros do teu “Inventário poético”. Começo, lentamente, a extasiar-me com tanta luz, como quem olha o sol de frente...” Sobre a poesia do escritor Aidenor Aires, escreveu: “... É um grande escritor, poesia precisa, medida, pensada e vivida. Com uma linguagem nova, própria: se não fosse assim, a criação seria cópia, mas, depois de tantos e tantos poetas que o passado e o presente nos deu e nos dá, ter um estilo já é algo elogiável, é o sonho do escritor verdadeiro...”
Os que ainda conservam o romântico ato de ouvir rádios a divagar poesias e belas melodias sabem que atualmente é possível, não só ouvir os programas radiofônicos, mas, vê-los pela internet. “Dicho sea de paso” pode ser apreciado pela Onda Latina no site: www.am1010ondalatina.com.ar, terças-feiras, às 18h. Permitam-se instantes de enlevo nas artes literária e musical america latinenses.
Namastê.

A INFÂNCIA POÉTICA DE FERNANDO PESSOA E NEY TELES DE PAULA

Fotos: Fernando Pessoa e Ney Teles de Paula




Elizabeth Caldeira Brito

Fernando Pessoa considerado o principal representante da poesia moderna, um dos maiores poetas de todos os tempos e o escritor mais complexo e versátil da literatura portuguesa, apresentava enorme facilidade de “outrar-se”, isto é, assumir diferentes personalidades para compor seus personagens-poetas. Ele assinava suas obras de acordo com os heterônimos que construía. Eis alguns: Alberto Caiero, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo Soares, etc. Cada um possuía características próprias de personalidade.
Seus heterônimos possuem biografias distintas e produção poética de acordo com as especificidades de suas identidades, traduzindo assim outras vozes de sua mente criativa, heterogênea e plural. Ele, o próprio, produz textos líricos, angustiados, melancólicos e transcendentes; Alberto Caiero mostra-se com simplicidade, humildade e rudeza; Ricardo Reis é clássico, abstrato e conciso e Álvaro Campos é um entusiástico, sensacionalista e de extrema modernidade.
Fernando Pessoa (por Alberto Caiero) escreveu uma série de três magníficos poemas A Criança que Fui Chora na Estrada I, II e III. O tema baseia-se no fantástico mundo da infância e na criança que FP foi um dia; na nostalgia deste ser perdido no tempo e na angústia existencial desta perda, entre outros sentimentos.
O I é um soneto decassílabo (dez sílabas métricas) que inicia assim:
“A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser o que sou,
mas hoje, percebendo que o que sou é nada,
quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah! Como hei de encontrá-lo? Quem errou
a vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada”...

O II é também um soneto (duas estrofes de 4 versos e duas de 3 versos) decassílabo:

“Dia a dia mudamos para quem
amanhã não veremos. Hora a hora
nosso diverso e sucessivo alguém
desce uma vasta escadaria agora.
E uma multidão que desce, sem que
um saiba de outros. Vejo-os meus e fora.
Ah, que horrorosa semelhança têm!
São um múltiplo mesmo que se ignora...
Olho-os. Nenhum sou eu, a todos sendo.
E a multidão engrossa, alheia a ver-me,
sem que eu perceba de onde vai crescendo.
Sinto-os a todos dentro em mim mover-me,
e, inúmero, prolixo, vou descendo
até passar por todos e perder-me.”
E o III:
“Meu Deus! Meu Deus! Quem sou, que desconheço
o que sinto que sou? Quem quero ser
mora, distante, onde meu ser esqueço,
parte, remoto, para me não ter.”
Identificando-me com a insatisfação poética de Fernando Pessoa na perda da criança de sua infância escrevi, também em decassílabo:

Era Feliz e Não Sabia

Quando pequena queria ser outra.
Sendo eu mesma me sentia ninguém.
Cresci, evolui, mas virei ostra.
Buscando em mim, outrora, aquele alguém.

O escritor Ney Teles de Paula, diferentemente de Fernando Pessoa não se esqueceu no tempo e nem no menino de sua infância. Buscou a criança em sua mocidade e trouxe-a até aqui. Surgiu assim o poeta menino de outrora, no adulto escritor imortal de agora.

Depois de publicar quatro livros em prosa, trás a lume o Memorial do Efêmero. Um livro de ternas poesias que foi buscar no menino de ontem que veio com ele até aqui, em contraposição a Fernando Pessoa, que numa linguagem poética, singular e bela, perdeu-se na infância.
No Breviário do Menino - apresentação do livro - Ney Teles de Paula inicia descrevendo seus mistérios com relação à vida, à morte e sua incessante procura pela origem das coisas. Afirma que desde cedo “mergulhou na lucidez”, buscando a sua origem e a compreensão da magnitude do universo e da presença humana no cosmo, sem contudo, perder o “encantamento com a magia do silêncio”. E aquele menino, além de seu tempo e no registro dos dias, “procurava espreitar o mundo com ávida curiosidade.”
A criança de Memorial do Efêmero encantou-se pelas letras e leituras da vida, pelos caminhos humanos e pelo fugaz tempo da brevidade das coisas. Sabia, desde então, a importância do silêncio e da solidão no encontro consigo mesmo, com o universo, e na reflexão para o autoconhecimento e para a convivência harmoniosa entre os seres. Silêncio e solidão, vozes que compõem sua poesia, estão presentes em cada palavra da infância e da adolescência daquele menino.
O escritor Fausto Rodrigues Valle pontua a poesia de Ney Teles de Paula na composição do autor de hoje: “O menino que queria abarcar o mundo, cujas mãos espalmavam a angústia e os braços distendiam a esperança, enquanto o tempo passava e ele ‘hauria a força da vida’, ainda existe – pois a sensibilidade mostrada nos versos só poderá ser vivida por quem ainda tem esperança, embora pejada de dúvidas, dado a efemeridade de todas as coisas...”
Ney Teles de Paula se reconhece no poeta menino que resgata. Apresenta-nos em leitura sem retoques, sua reflexão sobre os arcanos e o simbolismo da infância revisitada. Apesar das grandes perdas no trajeto, racionalizou a vida. E, de volta ao futuro, senhor do saber, da sensibilidade e de ser, nos mostra a integração do menino de ontem ao adulto do aqui e agora.
Namastê.