
Elizabeth Caldeira Brito
O homem não seria humano se fosse incapaz de apossar-se de sua vida. A forma mais autêntica para que isso ocorra é por meio da arte e do conhecimento que mobiliza, motiva e identifica o homem como um ser único, um indivíduo.
De voz privilegiada, conhecimento e cultura baseados nas origens do saber, Álvaro Catelan apoderou-se da vida. A arte e o saber o dominam, direcionam-no e o originalizam. Quer seja na pesquisa da cultura popular do Brasil, por meio do estudo e divulgação da música caipira, aquela que retrata a forma de viver dos que nos precederam e nos deram identidade, quer seja na elaboração temática de seu labor literário docente, envolvendo poesia, música, teatro, performances e pesquisa histórica.
Sobre Catelan publiquei neste espaço do Diário da Manhã do dia 16/10/2008 artigo sob o título “A benção Catelan. Teu sertão querido” onde manifesto meu repúdio em nome dos goianos: “... Retratando a realidade do homem simples do campo, a música caipira e a viola traduzem o perfil e a identidade do homem brasileiro: com seu trabalho, lazer, comportamento, dificuldades, sonhos, mitos, religiosidades, crendices e lendas, presentes em nosso inconsciente coletivo, através dos imensos quintais enluarados de nossas lembranças, nos banhos de rios e cachoeiras de nossos domingos virtuais, no cheiro do mato verde em nossa saudade e nos sonoros regatos, fluindo nas varandas de nossas recordações.
Todos os domingos pela manhã, mergulhávamos nestas memórias, sentindo o sertão dentro de casa e vislumbrando um ideal de preservação de nossa cultura, através do programa de Álvaro Catelan Cantos do Brasil e Recantos de Goiás, líder de audiência no horário das 7h às 9h, na emissora estatal RBC-FM, agora sob nova direção do radialista Paulo Francisco Ferreira, Gerente Geral e “modernizador” da empresa que é do povo e para o povo. Visando “optar para uma programação elitizada, classe A” determinou que fica proibido a execução de “música caipira” durante o dia, ceifando, esta magnífica iniciativa de resgate, preservação e difusão de nossas raízes por uma emissora governamental...”
Voltando ao tema de hoje, “O Baú do Drummond” nele, Catelan traz a lume a história poética do grande escritor Carlos Drummond de Andrade, desde sua pacata Itabira, até o contágio universal do lirismo drummoniano.
Catelan, poeticamente, trilha caminhos saudosos. Com linguagem multimídia, esmiúça a vida e a obra de Drummond. Passeia nos meandros políticos e sociais de uma época cuja atualidade é constante. Professor de literatura, Álvaro Catelan, mais que ministrar aulas: dramatiza textos, sobrevive temas, distribui fagulhas ao vento em shows performáticos poéticos. Desperta a platéia, numa trajetória contagiante de empoderamento, para um novo olhar lírico partidário. O show envolve vários alunos do Colégio Dinâmico: a direção teatral é de Monica Serpa, sonorização e iluminação de Areno, audio visual e imagens de Nicéias Leite e Akira Inamuro. Em “O Baú do Drummond”, Catelan semeia rosas e poesias sonoras, mas também tempestades e raios de luminosidades.
Por enquanto, os privilegiados em assistir ao show, que será apresentado de 22 a 24 de junho, é o corpo docente e discente do Colégio Dinâmico. Quiçá Catelan leve “O Baú do Drummond” ao grande público goiano.
Namastê.
Nenhum comentário:
Postar um comentário