Elizabeth Caldeira Brito

Elizabeth Caldeira Brito
Casa de Campo em Alhué - Chile. Fotografia de Elciene Spenciere

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Goiânia, Goiás, Brazil
Elizabeth é Psicóloga, Professora de Educação Física e escritora. Sócia Titular-Cadeira 07 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás. Membro da Academia de Letras do Brasil. Diretora Regional do InBrasCI - Instituto Brasilieiro de Culturas Internacionais. É Conselheira do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de Goiânia. 2ª vice-presidente da Comissão Goiana de Folclore-UNESCO. Obra: Dimensões do Viver, poesias - 2004; Quatro Poetas Goianos e um Pintor Francês, biografias - 2004; O Avesso das Horas & Outros - El reverso de Las Horas y Otros - L'Envers des Heures & Autres, Edição Trilingue, poesias - 2007.Traduções de Yvan Avena (para o idioma francês), Perpétua Flores e Ana Maria Patrone (para o idioma espanhol). A cultura plural de Bariani Ortencio (org) Kelps, 2009. A vinda da Família Real para o Brasil-200 anos (org.)Kelps, 2009. Permanências , artigos, Kelps/UCG -Goiânia 2009.Santuário da Cultura Universal, ensaios, Kelps - Goiânia, 2010. Amayáz, poesias, Kelps, 2012. Formação de Goiás Contemporâneo, (org) artigos. Kelps, 2013. FOTOGRAFIA DE MONIQUE AVENA

terça-feira, 29 de junho de 2010

A FUGA DE SER SÓ

Tela de Di Magalhães



















Elizabeth Caldeira Brito

Viver tem dessas coisas: ganha-se vida, perdem-se amores. Aos noventa anos de idade, com disposição e vontade de sobrevida, viu em pouco tempo, ausentarem-se presenças queridas. A primeira foi Maria. Esposa de mais de cinquenta anos de lutas, provações, conquistas e abundâncias. Em seguida, o neto, o belo jovem Kleber Caldeira Borges. Depois, a filha caçula, Doralice, companheira de todos os momentos. Por último, a irmã, Celina. Os cuidados entre ambos foram mútuos. Ela abdicou da própria vida para servir e atender o irmão, a cunhada e os sobrinhos. Destes cuidou como filhos. Perdas recentes, estas; outras tantas, no decorrer de suas nove décadas.
Morador de Rio Verde – Goiás, há mais de sessenta anos, o Sargento Lucas de Abreu Caldeira, jamais se imaginou em outro endereço. Até que um dia deixou a solidão das lembranças, o aconchego dos filhos, netos e bisnetos e Veio para Goiânia habitar novos olhares, dividindo o confortável espaço com Norcília, Rodrigo e Roberto: filha, genro e neto, respectivamente. Sem abrir mão da cadelinha de estimação, a mixirica, condição sine qua non para habitar o novo lar.
Valdeci Soares da Silva, sua Elza Viana Caldeira Soares, sobrinhos, fizeram-se anfitriões. Ofereceram, ao novo hóspede da goianidade fraterna, recepção festiva. Com o apoio de Delza e dos pais Jary e Catarina, vestiram de festa o Quiosque. Os músicos Elizabeth e Damião, Montenegro e Donizete, Marcus D’Lucca e Esquerdinho conferiram, ao concorrido momento, ritmo, harmonia, descontração e alegria. E sob as sombras do bucólico Quiosque, das árvores do pomar de cores e da brisa da tarde, que reverenciava o horizonte com o pôr do sol de fevereiro, homenagearam Lucas. Festejaram sua vida, a grata satisfação de tê-lo por perto e de vê-lo campear felicidade. Aplaudiram, no encontro de aconchego, sua determinação e otimismo na fuga de ser só. Apesar dos noventa.


Namastê

CENTRO LIVRE DE ARTES DESCOBRINDO E DESENVOLVENDO TALENTOS

Fotos: internet


Elizabeth Caldeira Brito


Todo ser humano tem direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir das artes..., diz o Artigo XXVII da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A Secretaria Municipal de Cultura desenvolve cronograma de projetos fundamentais que alavancam a cultura goianiense. Nas palavras do escritor Ubirajara Galli, articulista deste jornal, Ela é a Secretaria mais dinâmica do País. Atende ao direito assegurado na Declaração Universal, e democratiza o acesso da comunidade à vida cultural.
O nome Centro Livre de Artes, segmento da Secretaria Municipal de Cultura, foi idealizado pela saudosa escritora Marietta Telles Machado, em 1988, quando assessora de cultura da então Secretaria de Cultura, Esporte, Turismo e Meio Ambiente. O CLA é espaço aberto à inclusão, à cultura, à arte e ao conhecimento.
Criado em 04 de setembro de 1975, pelo prefeito Francisco de Castro, com o nome Escola Municipal de Música José Ricardo de Castro, desenvolveu suas atividades em sede provisória. Em 1977, devidamente regulamentada por força de Lei, passou a ocupar o espaço central da Praça Universitária, onde hoje se localiza a Biblioteca Municipal Marietta Telles Machado. Desde 1981, funciona geminado ao Museu de Artes de Goiânia, em espaço bucólico, de luz, cores, arte e natureza. De então para cá, oferece, além do ensino musical, dança, teatro, artes plásticas, oficina integrada e outros. São cerca de 1900 alunos entre 4 e 80 anos.
Há muito, a inclusão faz parte do cotidiano dos docentes. Dividem o espaço privilegiado, no Bosque dos Buritis, crianças, adolescentes, adultos e idosos, dentre eles, vários com necessidades especiais, cujo talento é reconhecido além-fronteiras.
Dos professores e funcionários partícipes de sua memória histórica, trajetória de conquistas, desafios, frustrações e ascensão, o Centro Livre de Artes ainda conta com remanescentes do concurso público de 1985. Professoras: Terezinha Lydice Cardoso, Goiana Vieira da Anunciação, Cleonice Fialho, Marly Gonçalves de Assis, Sônia Camargo, Rosângela Reis, Adriana Andraus, Márcia Sales, Myrna Campione, Kátia Leonel, Dilma Oliveira, Ana Cristina Elias, Neide Toledo, Carmem Fialho, Francis Otto e Loertina Santana. Funcionários: Leilia Moraes, Leda Said, Campos de Oliveira, Fátima Pureza e Jaziva Ataide. Sob a dinâmica direção de Deborah Marra, o Centro Livre de Artes multiplica talentos, descobre e desenvolve potencialidades artísticas e culturais. Desde minha passagem por lá, após aprovação, em 1º lugar, no concurso público de 1985, para professora de dança, e, depois, como diretora, no período de 1986 a 1994, seu ideal pulsa em minhas veias. Parabéns, CLA, pelos 34 anos de existência!

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MARIA JÚLIA DE TALENTO FRANCO

Elizabeth Caldeira Brito


A crônica é considerada, por muitos, um gênero brasileiro, devido às adaptações e originalidades que alcançou no decorrer dos tempos, em nosso meio literário. Inicialmente, como folhetim, frequentava rodapés dos jornais. Abordava o cotidiano, a política, questões artísticas, sociais e culturais. Assumiu sínteses e assuntos descompromissados e depois ocupou menores espaços, agilizou seus termos e humorizou seus términos. Assim, a crônica chegou aos dias de hoje e encontrou seu apogeu.
Sem o compromisso e a preocupação da informação e do comentário, incumbiu-se de divertir o leitor. Distante da crítica política e argumentação lógica, aproximou-se da poesia, em seu encontro original com o seu cerne, como afirma o escritor Antônio Cândido, no texto A vida ao rés-do-chão. Apresenta, em sua fórmula moderna, um pequeno fato com um toque humorístico e poético. Desvestindo-se de artifícios, a crônica conquistou a oralidade em sua produção. Tornou-se um importante veículo da literatura. É a forma mais natural de leitura e tradução dos tempos de agora.
Em Goiás, alavancou leitores e autores com a democratização das publicações no jornal Diário da Manhã. Transportada, do jornal para o livro, deixa a efemeridade para fixar-se na permanência. Assim, fez Maria Júlia Franco, com seus Olhos de fogo. Atuante na produção literária, é presença esperada nas manhãs goianas, revelada ao mundo nas páginas do jornal. Suas crônicas encantam pelo lirismo que carregam, pelo humor que diverte, pela goianidade que transcende e pela realidade que escancaram: ao tempo em que camuflam as nossas, nos instantes de leitura. Por caminhos imaginários, transportam-nos. E os transeuntes de suas palavras ressurgem mais maduros após cada texto.
A crônica traz também em seu bojo a capacidade de abordar temas sérios, reflexivos e críticos, sob um tênue véu de leveza.
Em nome do pai:
...Mangas-largas galopando pelos campos. Luxo, conforto, comodidade. Asas buscam continentes. Filhos e filhas, noras e genros desfrutando a herança. Pobres netos!...
Os Olhos de fogo de Júlia Franco vislumbram horizontes. Da prosa à poesia, refletem sentimentos e sentidos em múltiplos olhares. São vinte e três crônicas e oito poemas. Poesias que abrem as Janelas do tempo: passado, presente e futuro para paisagens, sensações e homenagens, nas páginas recheadas de palavras e entrelinhas preservadas.
Maria Júlia, de talento franco, interpreta a vida em linguagem plural. Empresta sonora voz à música universal e ao nosso rico folclore musical. Traduz, em pinceladas de brilho, luz e auras, a natureza e a fé. Em sua poesia, o desencanto com o universo está visível em
Apocalipses
‘Mentes vazias’
Páginas em branco
Passos indecisos rumo ao futuro
Futuro?
Águas secando
Árvores tombando
Laboratórios, monstros...
Matar...
Morrer....
Os Olhos de fogo de Júlia Franco hão de permanecer n’alma do leitor goiano. Atravessarão fronteiras, como ocorre com suas crônicas pelas páginas on-line do jornal Diário da manhã, porém, na permanência de um livro relíquia.


Namastê

ARTE LUSITANA TRADUZINDO A CULTURA GOIANA


Elizabeth Caldeira Brito


A história da arte da azulejaria portuguesa remonta ao século XV. Originou-se da cerâmica Árabe. Em Portugal ganhou destaque pela possibilidade de utilização, tanto em espaços internos quanto externos. Tornou-se um singular aliado dos arquitetos, pelo seu impacto artístico, visual e decorativo. De reconhecimento internacional é um dos segmentos de maior originalidade, dentre as artes decorativas da Europa.
A azulejaria portuguesa atravessou mares e aportou em Goiânia. Nas mãos de Patrícia Lobo e Henrique Manuel ganhou novos olhares. Suas técnicas enriquecem a cultura goiana. Registram no brilho, impermeabilidade e cores dos azulejos a história, os costumes, as cores e as belezas de Goiás e do Brasil. Os trabalhos perenizam a arte por meio de painéis histórico-institucionais, decorativos, religiosos, faixas, barrados, placas e pastilhas de vidro.
Patrícia Lobo é goianiense, formou-se na ESBAL Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, especializou-se em gravura e pintura sobre cerâmica. Compõe o grupo de trabalho da Cooperativa de Gravadores Portugueses. Para o crítico de arte português e Diretor da Galeria de Arte do Casino Estoril, Edgardo Xavier: Patrícia Lobo aporta a um fascinante mundo de imagens, retrato de uma intimidade que se replica, multidimensionada, tocando-nos com sua sensibilidade ímpar.
Henrique Manuel nasceu em Lisboa. Reside em Goiânia desde 1995. Aqui edificou seu universo cultural. Dedicou-se exclusivamente à arte. Pesquisador, desenvolve com sua cara metade, projetos artísticos em várias cidades goianas e brasileiras. Em recanto bucólico de encantos mil, o casal mescla com harmonia: arte, natureza, cultura e amigos.
Patrícia e Henrique são responsáveis pela execução do painel iconográfico, Memória Goianiense, idealizado pelo escritor José Mendonça Teles, instalado no frontispício do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás. A elaboração e a coordenação da execução do projeto, aprovado pela Lei de incentivo Cultural – Goyazes, ficaram a cargo desta articulista. A captação dos recursos coube a agenciadora, mestre em gestão do patrimônio cultural, Maria Amélia Rossi. O painel, com mais de 80m², eminentemente cultural e histórico, registra a figura dos pioneiros da construção da nova capital do Estado de Goiás - Goiânia, assim como, dos primeiros logradouros públicos, em suas feições originais. Estão contemplados ainda, os presidentes do IHGG, o primeiro prefeito de Goiânia, Venerando de Freitas Borges e o da ocasião de inauguração do painel, Iris Rezende Machado; o primeiro governador de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira e o então governador, Marconi Perillo. Para que se perpetue, no tempo e no espaço, as figuras públicas de então e de agora. A realização foi possível, graças ao mecenato das lojas Novo Mundo e da Brasil Telecom, atualmente Oi.
São de autoria de Patrícia e Henrique Manuel as artes em azulejaria portuguesa, do Balcão da Administração da Saneago, do Painel da Sociedade Goiana de Cultura, do Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central, dentre outros. Projetos artísticos que iluminam fachadas, amenizam o deslocamento dos transeuntes no estressante trânsito de Goiânia e traduzem, sob o olhar da arte lusitana, a múltipla cultura goiana.

ALAOR BARBOSA E SEUS PERTENCIMENTOS


Elizabeth Caldeira Brito

O leitor dialoga com a obra que lê. Dialoguei, estes dias, com Bertolino d’Abadia, personagem do livro “Memórias do nego-dado Bertolino d’Abadia”, de Alaor Barbosa. As confissões reveladoras de Bertolino e sua dicção regionalista, vivenciadas no início do século passado, englobam política, cultura, convivências, afetos, desafetos e ainda o meio urbano e rural do centro do país. O singular filho e morador da fictícia cidade goiana de Imbaúbas narra acontecimentos e ações ocorridos em sua e em outras terras, mesmo de outros estados, onde a busca de aventuras o fez incursionar e desbravar horizontes.
“Eu fui um nego-dado. Quê que é? Uai, nego-dado! Um jeito de falar uma coisa que antigamente acontecia. Pai, ou mãe, não podia sustentar direito, entregava o filho a uma família com mais recursos – rica ou remediada.” Assim começa a autobiografia de Bertolino. Suas confidências revelam conquistas e fracassos amorosos, perdas de várias ordens, espertezas, valentias, combates. Histórias daquele tempo – a primeira metade do século XX – e um crime de homicídio quase perfeito. As narrativas perfazem um romance habilmente alinhavado, em que os acontecimentos, graças a uma técnica narrativa originalíssima e eficiente, se encadeiam de forma não sequencial. Questões e fatos políticos permeiam todo o romance, cuja atualidade é permanente. As experiências vividas por Bertolino d’Abadia jamais lhe serviram de lições.
Um dos mais importantes críticos brasileiros (recentemente falecido), Wilson Martins, ao escrever sobre “Memórias do nego-dado Bertolino d'Abadia”, colocou o autor na galeria em que se encontram o russo Dostoievski, o italiano Giovanni Verga, o inglês Thomas Hardy e o português Eça de Queiroz.
Alaor Barbosa é goiano de Morrinhos. Suas múltiplas produções englobam ficção, ensaio/estudo, romances, estórias infanto-juvenis, obras jurídicas, artigos e crônicas. Publicou quase vinte títulos. É membro da Academia Goiana de Letras, da Associação Nacional de Escritores, de Brasília, da União Brasileira de Escritores de São Paulo e de Goiás, e, eleito há pouco tempo, membro da Academia de Letras do Brasil. Teve premiado em Lisboa, Portugal, em 2008, o romance “Eu, Peter Porfírio, o maioral”, com a edição feita em setembro de 2009. Formou-se em Direito na UCG. É Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília, onde foi Consultor Legislativo do Senado Federal. Há mais de vinte anos reside e advoga na Capital Federal. Trabalhou em importantes jornais do Rio de Janeiro antes de voltar, em 1964, para Goiás. É assíduo cronista deste democrático Diário da Manhã. Recebeu, recentemente em Goiânia, a Comenda Professor Colemar Natal e Silva, da Câmara dos Vereadores, que lhe concedeu, por proposta do vereador Iram Saraiva, o título de Cidadão Goianiense, cuja entrega será feita brevemente.
O escritor Carmo Bernardes, acerca do livro “Os rios da coragem”, de Alaor Barbosa, afirmou: “Encho-me de orgulho dos meus companheiros. Na conversa mole e saborosa daqueles contos que para mim chega a ser comovente (tanto evoca o meu povo), está a linguagem legítima da nossa gente, espontânea e autêntica, e não o arremedo dos pedantes. É uma prosa que sai da alma como o sumo sai do fruto. É a essência sem aditivo do clã do autor, que delata a sua enorme honra de a ele pertencer. Não é o popularesco da ventriloquia ressoando cultura de empréstimo.”
Escritor dotado de conhecimentos universais e fiel aos seus deveres de criador, sua produção literária é rica de pertencimentos. O patrimônio de Alaor Barbosa é o seu “clã”, sua origem e o torrão natal que agasalha e carrega nos olhos, nos sentimentos e nas recordações. Retrata sua aldeia e assim retrata o mundo. Isento de submissão intelectual, avesso a modismos literários e independente dos ventos enganosos da política partidária, segue coerente em sua fidelidade a si mesmo – fidelidade que, para Shakespeare, era um dever acima de todos os deveres. Originariamente seus personagens, hóspedes de lembranças arquetípicas, transitam entre os contos e romances. Aparecem e atuam diversas vezes, como se vivessem várias gerações. O autor registra, salva, leva além-mar e para a posteridade a linguagem peculiar e a cultura do povo do interior de Goiás. Aquele que compõe a memória histórica do nosso Brasil.

Namastê.

SANTUÁRIO DA ARTE NO LEGISLATIVO GOIANO






Elizabeth Caldeira Brito



A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás abriu suas portas para a arte, a cultura, o congraçamento e o reconhecimento dos agentes que fazem a cultura em Goiás, com a realização da XI Coletiva de Escultores e Pintores do Movimento Santuário da Arte. Márcia Coutinho, responsável pelo Centro de Cultura da Assembleia, demonstrou dedicação e conhecimento na organização do evento. O cerimonialista da Casa, Ailton, que há 28 anos faz esse serviço, iniciou os trabalhos. Em seguida, passou a incumbência ao escritor Ubirajara Galli que comandou o Encontro.
A exposição das esculturas e telas do Movimento Santuário da Arte, idealizado pelos artistas plásticos Elifas e Helena, realizou-se no saguão da Assembleia. Participaram os escultores: Astúlio Caiado, Elifas, Helena Batista, Norma Caiado e Heuller. As telas emolduravam espaços e encantavam olhares. Expuseram: Alberto Tolentino, Amaury Meneses, Chico Menezes, Gilka, Gomes de Souza, Graça Dayrell, Helena Vasconcelos, Juca de Lima, Leo Pincel, Liah, Lucia Leonel, Lurdes de Deus, Mamede, Manuel Santos, Maria Cleusa Mundim, Maria Oliveira, Pirandelo, Sanatan, Vânia Ferro e Waldomiro de Deus.
O projeto homenageou, com um troféu esculpido por seu idealizador, as personalidades que contribuíram para o bom desempenho do setor cultural em Goiás. O Auditório Solon Amaral fez-se pequeno para abrigar a seleta plateia, no último dia 18 de novembro. Um misto de ave e mulher, prenha de cultura e conhecimento, o troféu de Elifas; com cerca de 30 cm, revela ao agraciado o seu valor.
Homenageados que se fizeram presentes e receberam o troféu: pintora Alessandra Teles; musicista Custódia Annunziata S. de Oliveira, presidenta do Conselho Estadual de Cultura; escritor Edival Lourenço, presidente da União Brasileira de Escritores Seção Goiás; escritora Elizabeth Caldeira Brito; empresária Edna de Oliveira Martins, da Época Galeria de Artes; escritores: Gabriel Nascente, Geraldo Coelho Vaz e José Fernandes; escritora Heloisa Helena C. Borges, presidenta da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás - AFLAG; pintor Juca de Lima; médico da beleza, Marcus Vinícius Lobo Lopes, especialista da Day Clínica; jornalista do Diário da Manhã, Ulisses Aesse; cantor e compositor Pádua, cuja apresentação deixou o gosto de quero mais, ao cantar só uma melodia, para o seleto público.
Alguns homenageados fizeram-se representar: escritor Aidenor Aires, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás; escritora Ana Braga, ex-presidenta e fundadora da AFLAG; empresário Antônio Almeida, diretor-presidente da Editora Kelps; escritor Helio Moreira, presidente da Academia Goiana de Letras; escritor José Mendonça Teles, presidente do Instituto que leva seu nome; musicista Maria Augusta Callado; escultora Norma Caiado e escritor Paulo Nunes Batista.
O Movimento Santuário da Arte foi criado em 1988. Reúne artistas plásticos e escritores, novos e consagrados. Inicialmente, Elifas democratizou o espaço de seu amplo ateliê e depois utilizou-se de diversos locais para as exposições e homenagens. O Santuário notabilizou-se pelo sonho de seu criador, de suas dinâmicas ações e parcerias para a concretização do Projeto que, desta vez, contou com a parceria do Legislativo goiano.
O Santuário da Arte, há mais de 20 anos, hospeda a memória e a história da arte produzida em Goiás. Como um vulcão, Elifas e Helena levam a lava da arte ao povo, e reconhece algumas personalidades que contribuem para o desenvolvimento cultural goiano.

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FOLIA DE REIS: FÉ, FOLCLORE E RELIGIOSIDADE



Elizabeth Caldeira Brito

Campinas, o bairro que originou Goiânia, inicia suas comemorações de 200 anos com religiosidade popular e folclore brasileiro. Grupos de Folia de Reis da capital e interior relembraram, no último dia 24, a viagem dos Magos, de visitação ao Menino Jesus, do Oriente a Belém, a mais pura demonstração de fé, devoção e religiosidade.
De origem portuguesa, a Folia de Reis chegou-nos pelos colonizadores portugueses, para constituir e enriquecer a cultura brasileira. Em Goiás, não seria diferente. A história em prosa, versos e cantos plangentes, da visita dos Reis Magos, Gaspar, Melchior e Baltazar, ao menino Jesus, quando de seu nascimento, é contada de geração em geração. Diz a tradição que os Reis presentearam o Deus Menino com ouro, incenso e mirra, símbolos das três dimensões do Messias: realeza, divindade e humanidade.
A equipe da Secretaria Municipal de Cultura, liderada pelo escritor Kléber Adorno, secretário da pasta, deu continuidade ao Encontro, nona edição (a sétima em sua gestão), cujo início data de 2001. Por sua magnitude, exige ser ampliado o tempo de apresentação dos foliões. Em sua 10ª edição serão dois dias dedicados à Folia. Promessa de Kléber Adorno.
Sob a coordenação do professor Jadir de Morais Pessoa, antropólogo e vice-presidente da Comissão Goiana de Folclore, o Encontro iniciou-se com a Missa dos Foliões. A Celebração eucarística, realizada pelo Padre Walmyr Garcia dos Santos, no Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Matriz de Campinas), tornou pequena aquela casa santa. Com a participação de vários grupos de Folia, a liturgia emocionou todos.
Com o Canto de Abertura, de autoria do folclorista Bariani Ortencio, presidente da Comissão Goiana de Folclore – UNESCO, executado pela Folia Associação Cultural do Brasil, desta capital, a missa inciou-se; a primeira leitura ficou a cargo do prefeito Íris Rezende Machado.

Canto de Abertura
Clareou a noite santa
Quando a estrela apareceu
Avisando os Três Reis Santos
Que o Menino Deus Nasceu
Nascimento conhecido
Nascimento Anunciado
Os Três Reis saíram andando
Para o encontro festejado
Viajaram pra Belém
São Mateus foi quem contou
Guiados por uma estrela
Que do céu acompanhou
Nós também vamos andando
Foliões e mascarados
Para a casa de Deus Pai
Pelo Espírito guiados
Nossa vida inteirinha
Nós trazemos de uma vez
Para o altar da Eucaristia
Com a fé nos Santos Reis.
O público, emocionado e participativo, encantou-se com a Orquestra Raízes da cidade de Pontalina – Goiás e com a sonoridade musical da cantora e vereadora Célia Valadão, os primeiros a se apresentarem no foliódromo. O cerimonialista do evento, músico Adalto Bento Leal, comandou os festejos dos 54 grupos, durante todo o dia. Um grupo de foliões é composto por: Alferes da Bandeira, Embaixador, Gerente, Instrumentistas, Coro de Vozes e Palhaço. Cada membro, com função específica, desempenha um papel. Este ano ressaltou-se a figura do Palhaço e seu simbolismo. Também chamado de Boneco, Bastião ou Mascarado, era um dos soldados de Herodes. Sua função, dentre outras, distrair a milícia para não encontrar o recém-nascido de Belém. Tornou-se o protetor e o guardião do Menino Jesus. A celebração religiosa e os festejos mobilizaram a comunidade para que seja também guardiã do filho de Deus, de suas palavras e seus ensinamentos.
Preciosos momentos de fé, folclore e religiosidade. Tempo e espaço para a preservação das tradições do folclore brasileiro e da identidade do povo goiano.

Namastê.