
Elizabeth Caldeira Brito
Viver tem dessas coisas: ganha-se vida, perdem-se amores. Aos noventa anos de idade, com disposição e vontade de sobrevida, viu em pouco tempo, ausentarem-se presenças queridas. A primeira foi Maria. Esposa de mais de cinquenta anos de lutas, provações, conquistas e abundâncias. Em seguida, o neto, o belo jovem Kleber Caldeira Borges. Depois, a filha caçula, Doralice, companheira de todos os momentos. Por último, a irmã, Celina. Os cuidados entre ambos foram mútuos. Ela abdicou da própria vida para servir e atender o irmão, a cunhada e os sobrinhos. Destes cuidou como filhos. Perdas recentes, estas; outras tantas, no decorrer de suas nove décadas.
Morador de Rio Verde – Goiás, há mais de sessenta anos, o Sargento Lucas de Abreu Caldeira, jamais se imaginou em outro endereço. Até que um dia deixou a solidão das lembranças, o aconchego dos filhos, netos e bisnetos e Veio para Goiânia habitar novos olhares, dividindo o confortável espaço com Norcília, Rodrigo e Roberto: filha, genro e neto, respectivamente. Sem abrir mão da cadelinha de estimação, a mixirica, condição sine qua non para habitar o novo lar.
Valdeci Soares da Silva, sua Elza Viana Caldeira Soares, sobrinhos, fizeram-se anfitriões. Ofereceram, ao novo hóspede da goianidade fraterna, recepção festiva. Com o apoio de Delza e dos pais Jary e Catarina, vestiram de festa o Quiosque. Os músicos Elizabeth e Damião, Montenegro e Donizete, Marcus D’Lucca e Esquerdinho conferiram, ao concorrido momento, ritmo, harmonia, descontração e alegria. E sob as sombras do bucólico Quiosque, das árvores do pomar de cores e da brisa da tarde, que reverenciava o horizonte com o pôr do sol de fevereiro, homenagearam Lucas. Festejaram sua vida, a grata satisfação de tê-lo por perto e de vê-lo campear felicidade. Aplaudiram, no encontro de aconchego, sua determinação e otimismo na fuga de ser só. Apesar dos noventa.
Namastê
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